Psicologia

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quinta-feira, 28 de julho de 2016

Conceitos Junguianos


 
Conceitos Junguianos
            Jung cresceu em uma casa que possuía uma enorme biblioteca, onde ele leu inúmeros assuntos diferentes e com isso foi um estudioso das mais diversas áreas, como as religiões orientais, a alquimia, a parapsicologia e a mitologia, entre outras. Dessa forma, sua análise sobre a natureza humana leva em consideração todos esses assuntos e isso faz com que ele desperte interesse e seja estudado por várias áreas além da psicologia.
Um dos principais conceitos de Jung e, pode-se dizer, o objetivo de todo homem para ele, é o da individuação, que seria um processo de desenvolvimento pessoal que envolve o estabelecimento de uma conexão entre o ego, centro da consciência, e o Self, centro da psique total, o qual, por sua vez, inclui tanto a consciência como o inconsciente. Para Jung, existe interação constante entre a consciência e o inconsciente, e os dois não são sistemas separados, mas dois aspectos de um único sistema, por isso é tão importante manter a comunicação e o equilíbrio do eixo ego-Self. A psicologia junguiana está basicamente interessada no equilíbrio entre os processos conscientes e inconscientes e no aperfeiçoamento do intercâmbio dinâmico entre eles, lutando sempre contra a unilateralidade e buscando sempre o equilíbrio entre os pares de opostos, conscientizando-os e integrando-os à consciência através da comunicação do eixo ego-Self, mas sem cair na enantiodromia, que seria passar de um oposto a outro sem fazer as devidas transformações e sem encontrar o equilíbrio entre eles.
Em relação à consciência, Jung desenvolveu as atitudes de extroversão e introversão, e as funções psicológicas pensamento, sentimento, sensação e intuição, usando tais conceitos no que chamou de Tipos Psicológicos. Segundo ele todos possuímos ambas as atitudes e ambas as funções, apenas em diferentes proporções, o que faz com que uns sejam mais extrovertidos, outros mais introvertidos, uns possuam mais desenvolvidas uma função em detrimento de outras etc.
A extroversão é uma atitude objetiva e a introversão é uma atitude subjetiva. Essas duas atitudes se excluem mutuamente, pois  não podem coexistir simultaneamente na consciência embora possam alternar, e realmente o façam, uma com a outra. Uma pessoa pode ser extrovertida em determinadas ocasiões e introvertida em outras. Entretanto geralmente predomina uma dessas duas atitudes num determinado indivíduo durante a sua existência.
A função pensamento discrimina, julga e classifica os fenômenos a partir da lógica da razão, buscando avaliar objetivamente os “prós” e “contras” da natureza desses fenômenos. Nomeia e conceitua os objetos. De uma forma sintética, a função pensamento exprime o que é um objeto. Estabelece a relação lógica e conceitual entre os fatos percebidos. A função sentimento faz a avaliação dos fenômenos a partir de uma dimensão valorativa – eles são agradáveis ou não. Tal como o pensamento, julga, porém, não pela lógica da razão, mas pela lógica de valores pessoais – que, por sua vez, recebe influências dos valores sociais. O conceito de sentimento não deve ser confundido com os conceitos de emoção e afeto. Os sentimentos estão associados a uma dimensão valorativa de julgamento, já a emoção é um afeto de grande intensidade de energia chegando a alterar funções orgânicas, tais como batimento cardíaco e ritmo respiratório alterados por afetos de amor, ódio, ciúme, entre outros. A função sensação privilegia as informações recebidas pelos órgãos dos sentidos, constatando a presença sensorial das coisas que nos cercam no contexto do “aqui e agora”.
Corresponde à soma total das percepções dos fatos externos que ocorrem através dos órgãos dos sentidos. Por fim, a função intuição vai além da percepção (sensação), buscando os significados, relações e possibilidades futuras das informações recebidas.
Trata-se de uma apreensão perceptiva dos fenômenos (pessoas, objetos e fatos) pela via inconsciente. A intuição “vê” a natureza “oculta” desses fenômenos. A função intuição está associada a um tipo de percepção que antevê possibilidades de acontecimentos. Corresponde aos pressentimentos, palpites e impressões.
Pensamento e Sentimento são funções racionais e Percepção e Intuição são funções irracionais. E as funções psíquicas formam dois pares de funções opostas, entretanto, complementares: o pensamento é oposto, porém, complementar ao sentimento. E a sensação é oposta, porém, complementar à intuição.
Jung também estruturou as funções em função principal, que é a mais desenvolvida pelo sujeito, é usada de forma consciente; função auxiliar, que é a segunda mais desenvolvida, também utilizada de forma consciente, auxilia a função principal; função terciária, que possui desenvolvimento rudimentar, age num plano mais inconsciente; e função inferior, que é a mais indiferenciada, menos desenvolvida ou infantil, permanecendo num plano quase que exclusivamente inconsciente.
Todos os seus outros conceitos têm mais relação com o inconsciente. Em relação à dinâmica da personalidade, pode-se entender que no início da vida o bebê está ainda numa fase indiferenciada da mãe. Por não ter desenvolvido ainda um Eu próprio, compreende que ele e mãe são uma única individualidade, estando, portanto, numa fase urobórica, onde não há limites ou fronteiras onde um começa e o outro termina. À medida que vai se desenvolvendo ele vai desenvolvendo as pulsões de vida e de morte, e aos poucos vai se diferenciando da figura materna, constituindo-se como um Eu diferenciado. Esse, porém, é apenas o início desse desenvolvimento e dessa diferenciação, pois durante a vida será necessário haver a diferenciação do ego também com o Self no processo de individuação.
Conforme a criança vai crescendo, os primeiros grupos sociais com quem convive são a família e a escola. Nesses ambientes ela percebe que recebe aprovação por algumas coisas que faz e reprovação por outras, experimentando bons sentimentos e recompensas nas primeiras, e ruins na segunda situação. Com isso ela aprende a fazer mais aquilo que recebe aprovação, pois precisa do amor e da aceitação desses primeiros grupos sociais, principalmente dos pais e professora, para que possa se desenvolver de maneira confiante e saudável. Dessa maneira ela começa a desenvolver o arquétipo da persona, que seriam os diferentes papeis sociais que as pessoas desenvolveriam para que pudessem conviver e se adaptar em sociedade. Isso é necessário para que se possa viver de forma saudável, desde que o indivíduo transite entre suas diferentes personas de maneira a não se apegar demais a apenas uma ou algumas, deixando outras esquecidas, o que o manteria numa atitude unilateral, causando um desequilíbrio em sua personalidade. Personas seriam então os papeis que ocupamos na sociedade.
Exemplos de persona seriam a de mãe, a de filho, a de sogra, a de irmão, a de policial, a de médico, a de professor, a de esposa etc. Saudável é quando o homem assume a persona de policial no trabalho, de pai e marido em casa, de filho na casa dos pais e assim por diante. Se ele assume, por exemplo a persona de policial em casa, terá problemas decorrentes disso, tanto em sua psicologia interna, devido à unilateralidade e desequilíbrio, quanto de relacionamento com os membros da família.  Outro exemplo negativo seria se assumisse no trabalho e em casa sempre a persona de filho, o que poderia fazer com que sua esposa precisasse ser mãe dele ao invés de mulher; que seus filhos não o respeitassem tanto ou que ele disputasse coisas com eles; ou ainda que não fosse visto como um bom profissional no trabalho.
Em consequência do arquétipo da persona, outro arquétipo começa a se formar, o da sombra. Na sombra estariam contidos todos os aspectos que a criança reprimiu em si para que tivesse a aceitação que desejava, fazendo somente as coisas que saberia que receberia aprovação social. Além disso, a sombra também contém aspectos que a própria pessoa considera negativo, independente do social, ou ainda, aspectos que até ela mesma desconhece, por não ter consciência. Ela também pode conter aspectos positivos e desconhecidos do sujeito, que ele desconhece ou que não considera positivo. A sombra, portanto, é inconsciente e por isso costuma ser projetada no outro. Quanto maior e mais inconsciente é a sombra, mais a pessoa a projeta e mais fica em desequilíbrio, o que pode lhe causar muitos problemas, pois sua energia psíquica está toda represada nesse seu aspecto, ficando os outros carentes dessa energia, por isso é necessário que a pessoa se conscientize dela.
Para Jung, a criança é a extensão da psicologia de seus pais e está sujeita às influências deles, estando suas experiências posteriores e relacionamentos adultos, dependentes da forma como irão internalizar as figuras de seus pais e relacionamento deles e com eles. E quando se fala em internalizar tais figuras, não necessariamente se fala da figura real, mas também da imagem arquetípica de mãe e de pai. Segundo ele, ao nascer a criança tem sua consciência toda dentro do inconsciente, ou seja, ela é só inconsciente coletivo. Depois, vai aos poucos expandindo sua consciência, à medida que vai tendo experiências, e desenvolvendo seu inconsciente pessoal. Dessa forma o ego fica no centro da consciência, mas não sendo ele o todo, e sim apenas uma parte do todo que é o Self, centro da psique total.
Como já foi visto, o conceito de inconsciente para Jung pode ser dividido em dois, o pessoal e o coletivo. Independente de qual seja, Jung concebia que a linguagem do inconsciente seria por imagens, símbolos e fantasias, por isso seria difícil decifrá-lo, por ser um tipo de linguagem diferente (imagens) da utilizada pela consciência (palavras). Ele também trouxe a ideia de que o inconsciente possui função compensadora da consciência, ou seja, se o ego está muito focado em uma única direção, o inconsciente se manifestaria sempre numa direção oposta, com a intenção de mostrar outro ângulo à pessoa e também para buscar o equilíbrio do sistema psíquico.
O inconsciente pessoal para Jung se originava a partir do coletivo e, como Freud, também considerava que continha conteúdos mentais inacessíveis ao ego, reprimidos durante a vida e um lugar psíquico com seu caráter, suas leis e funções próprias. Acrescentou que também conteria conteúdos percebidos apenas de forma subliminar.   E o inconsciente coletivo seria a parte do inconsciente que contém aspectos que nunca foram conscientes, os arquétipos, bases filogenéticas e instintivas da raça humana que foram herdadas pela psique devido às experiências repetidas que as pessoas foram tendo durante toda a história da humanidade. Nesse inconsciente estaria contido o inconsciente pessoal e seus conteúdos refletem processos arquetípicos. As manifestações do inconsciente coletivo aparecem como motivos universais, ou seja, se repetem independente da época ou cultura. Inclusive foi observando isso que Jung chegou à conclusão da existência desse inconsciente.
Exemplo disso foi o sonho que ele analisou de um paciente psicótico a respeito do falo do sol ser a origem dos ventos, e tempos depois ter encontrado a mesma referência num mito de uma antiga religião persa, tendo certeza de que não tinha como o paciente ter tido acesso a esse dado.
Através do método da livre associação, Jung identificou relações entre idéias que das quais os pacientes não podiam ter conhecimento prévio, nem por ter ouvido ou lido a respeito. Indo adiante em suas pesquisas, ele encontrou paralelos entre as tramas e os símbolos dos sonhos de todo tipo de pessoas: desde seus pacientes até prisioneiros nas cadeias americanas e indígenas no meio da África. Não somente, ele se deu conta que havia temas recorrentes na história da cultura humana, expressos tanto na mitologia como na literatura. A conclusão de Jung foi que o inconsciente não podia ser somente pessoal. Há um nível mais profundo que é coletivo, pertencente a todo indivíduo do planeta. (NOGUEIRA, 2010 Mai 13)
Jung falou também dos complexos, seriam grupos de ideias ou imagens carregadas emocionalmente, que possuem em seu núcleo um arquétipo correspondente. Dessa maneira, os arquétipos são os núcleos dos complexos, existindo um para cada situação da vida, de tal maneira que Jung chamou de arquétipo também o ego. Pelo fato dos complexos serem carregados de emoção, e estarem ligados a seu núcleo arquetípico por um vínculo energético, quando constelados ou ativados, são naturalmente acompanhados por um afeto. Por essa razão e pelo fato de serem sempre em parte ou totalmente inconscientes, acabam sendo relativamente autônomos, o que faz com que, quando constelados por alguma situação que tenha relação com eles, tenham o poder de tomar à frente do ego na consciência e agirem por si. Isso é possível porque a constelação faz com que ganhem uma quantidade grande de energia psíquica que ultrapassa a energia do ego, que só volta ao controle da consciência quando a energia do complexo em questão se esvazia, fazendo com que ele perca a força e volte ao inconsciente.
Quando totalmente inconsciente de seu complexo, o ego ao retornar ao controle, pode ficar surpreso e arrependido por ter agido de tal maneira, não entendendo o que o levou a fazer aquilo. Se a pessoa possui uma persona muito bondosa, provavelmente sua sombra é bem grande e, se nem ela e nem os outros a seu redor tiverem consciência disso, o susto pode ser bem grande quando o complexo da sombra, por exemplo, vem à tona em alguma situação. Por isso é tão importante conscientizar o máximo de conteúdos ou complexos possível, pois eles só assaltam a consciência quando são negados e reprimidos por ela, pois seu único objetivo é ser reconhecido pela mesma. Uma vez reconhecidos, conscientizados e trabalhados, o sujeito poderá perceber quando estiverem sendo constelados por alguma situação e, conscientemente, terão o poder de escolher quando e como usará seus aspectos. Isso é possível de ocorrer porque a energia psíquica do ego estará maior, uma vez que os conteúdos não estão mais tão arraigados ao inconsciente e também porque o ego mais consciente e trabalhado, estará mais fortificado.
A conscientização dos complexos e o trabalho decorrente disso, ocorrem através do diálogo entre os conteúdos do indivíduo, ou seja, não basta só tomar consciência dos aspectos de sua sombra, por exemplo, é necessário ir aos poucos integrando-os à consciência. Isso é um trabalho longo e paulatino, que deve ser feito por toda a vida e, de forma resumida, é nisso que consiste a individuação. Por isso ela nunca está terminada, pois sempre haverá conteúdos a serem reconhecidos e integrados.
Esse diálogo ou comunicação entre o ego e o Self ocorre através do eixo ego-Self, quando este está funcionando direito, sem interrupções, e é feita através de imagens, onde o ego aos poucos vai tendo acesso e se relacionando com o inconsciente. Se há uma interrupção nesse eixo, ego e Self não se comunicam direito e pode haver uma neurose, ficando a pessoa egoica demais e sem contato com seus conteúdos internos. Nesse caso é necessário o fortalecimento desse eixo e o aumento do relacionamento dessa pessoa com suas imagens e conteúdos inconscientes. Quando essa interrupção é grande demais, existe uma fenda entre ego e Self e pode ocorrer a psicose, que é quando o ego se desestrutura por completo e só o inconsciente passa a existir, estando o ego mergulhado em suas imagens. Nesse caso é necessário o fortalecimento do ego e o resgate dele das imagens do inconsciente, através do próprio relacionamento com elas.
Como foi visto, o ego também é considerado um arquétipo e é o centro da consciência, sendo o responsável por dirigir nossa vida consciente, nossas ações e escolhas, buscando sempre proteger a consciência de qualquer coisa que a ameace. Apesar das pessoas acharem que ele é tudo, que elas são ele, ele é apenas uma parte do sistema psíquico. A outra parte é o inconsciente e nele se encontra o Self, que realmente é a essência de cada um, sendo o objetivo de todos ir de encontro a esse verdadeiro centro e se tornar ele, ou seja, a individuação, como já foi dito.
O Self, portanto, é o arquétipo central, responsável pela ordem e totalidade da personalidade. É formado pelo consciente e pelo inconsciente juntos e é o centro da psique total. Geralmente é representado por símbolos que remetam a essa totalidade, como mandalas, círculos e imagens impessoais.
Há ainda os arquétipos da anima e do animus, que são responsáveis por auxiliar o ego a entrar em contato com o inconsciente, afim de aprofundar sua relação com o mesmo na busca e no caminho da individuação. Anima é a parte interior feminina da psique do homem e animus a parte interior masculina da psique da mulher, servindo então ao equilíbrio do sistema psíquico, uma vez que compensam a atitude masculina ou feminina da consciência.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Os desafios da vida:Sera você mesmo o seu maior problema?


Como todos sabemos, o stress é parte integrante da nossa vida diária. É inevitável que nos deparemos com problemas pessoais e situações difíceis. Sem desafios, muito provavelmente a nossa existência seria muito chata. Os desafios na nossa vida podem ser encarados de duas formas. Podemos estar animados, entusiasmados, excitados e motivados face a algo que queremos conquistar, mas pela positiva, pelo ganho, pela mais-valia da conquista e do resultado desejado, como por exemplo ganhar uma medalha, ser promovido, ou ganhar mais dinheiro. Ou, podemos ter de forçar-nos a estruturarmo-nos mentalmente para vislumbrar uma forma de motivarmo-nos a resolver situações e/ou problemas que nos causam tremendo incómodo, mas que se os conseguirmos remover e/ou ultrapassar iremos sentir uma satisfação e alegria idêntica a uma conquista desejada.
Embora em muitos casos, quando conseguimos ultrapassar e/ou resolver alguns dos nossos problemas pessoais, isso faça com que consigamos expressar o que de melhor existe em nós. Há momentos em que os problemas pessoais prejudicam-nos, infligem-nos amargura, retrocesso e mal-estar, fazendo-nos sentir inúteis e impotentes. Para sentirmos significado na nossa existência, precisamos superar desafios pessoais com que nos vamos deparando ao longo da vida. Perante esta realidade é importante não desistirmos prematuramente dos nossos objetivos, quer sejam pelo desejo de conquista, quer sejam pelo desejo de recuperar de uma situação difícil.
Para refletir: Você não é o seu problema. Você é que tem o problema. Você não é os seus sentimentos, comportamentos ou pensamentos. Você é aquele que sente, age e pensa. De acordo com a Psicologia da Gestalt, o todo é mais que a soma das suas partes.
Se não conseguir algum distanciamento, então simplesmente pode entrar numa espiral de negatividade e ficar atolado na sua  própria amargura (bagunça). Muitos de nós desenvolvemos todos os tipos de desculpas que usamos para justificar o nosso comportamento desajustado e inadequado. Por vezes sentimo-nos confortáveis a ter uma mentalidade de vítima. É como se nós quiséssemos permanecer presos na infelicidade e  instabilidade emocional,  evitando agarrar na possibilidade de poder construir uma vida mais gratificante e sermos bem sucedidos.
Seja o que for que precise para se superar ou superar os problemas pessoais, é preponderante começar por olhar profundamente dentro de si mesmo para ver se você é o seu maior/pior inimigo. Provavelmente, se você conseguir superar os seus problemas internos, então você certamente irá voar para novas alturas, novas possibilidades passam a cruzar-se no seu caminho.
 Existem milhões de variações e formas de lidar com os nossos problemas pessoais, os internos (conflitos do ego, auto-sabotagens, sentimentos de culpa, mentalidade de vítima, medo do fracasso, entre outros), e os externos (desemprego, luto, problemas financeiros, problemas de relacionamento, entre outros), no entanto e de acordo com a minha experiência, aponto para três fatores como estando na raiz do que normalmente nos impede de efectuar uma mudança positiva na nossa mentalidade e consequentemente na nossa vida. Os problemas pessoais podem ser de naturezas distintas, uma interna, em que se relacionam com as nossas características individuais e formas de olhar o mundo, e uma externa, em que se relacionam com as circunstâncias de vida. Ainda que ambas as formas se interliguem e dependam uma da outra, a minha intenção neste artigo é explorar a forma de ultrapassar os problemas pessoais de natureza interna.

Minimize e supere
Você tem o poder de decidir. Você vai continuar fazendo o que está prendendo você, ou vai decidir-se a escolher em consciência? É tempo de decidir ir para o outro lado onde a relva é mais verde e você possa seguir em frente, sem tantos condicionalismos. É tempo de perguntar: que tipo de pessoa você quer ser? É tempo de experimentar uma vida melhor. Mas, para que isso aconteça você vai ter que conscientemente decidir-se a abandonar a sua dependência, a dependência das velhas recompensas.

Ter dificuldade em alterar um determinado tipo de comportamento, não é sinónimo de ser impossível. Aquilo que é necessário é força de vontade e auto-disciplina para conseguirmos seguir em frente e implementar as estratégias necessárias para uma mudança adequada e adaptada aquilo que queremos. Afortunadamente, o nosso cérebro é plástico, tem a capacidade de criar novas redes neuronais, novos caminhos e padrões de pensamento que nos permitem a mudança desejada. Aliada à capacidade cerebral para criar novos caminhos para problemas antigos, está a capacidade que temos para nos colocarmos em determinados estados emocionais que facilitam essa mesma mudança.
É necessário alinharmos um conjunto de ferramentas (auto-verbalizações e afirmações positivas, estados emocionais, pensamento positivo, atitude positiva, estados fisiológicos), para nos colocarmos no nosso melhor estado no sentido de criarmos uma estrutura mental para êxito. O êxito que tanto desejamos ter na nossa vida começa inevitavelmente na nossa própria capacidade de nos ajudarmos a nós mesmos. Seremos tanto mais eficazes quanto mais percebermos que temos a capacidade e possibilidade de nos mudarmos a nós mesmos. Não estou a querer dizer que você passa a ser outra pessoa, mas sim que pode passar a agir mais sintonizado com os seus valores, objetivos, desejos e propósito de vida.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Pratique a Empatia







Sem julgamentos, apenas exercitando a capacidade de se colocar no lugar do outro.





Uma das operações psíquicas mais sofisticadas que aprendemos, lá pelos 7 anos, é esta, de tentarmos sair de nós mesmos para imaginar como se sentem as outras pessoas. De repente podemos olhar para a rua num dia de chuva e imaginar – o que, de certa forma, significa sentir – o frio que um outro menino pode passar por estar mal agasalhado.
Nossa capacidade de imaginar o que se passa é como uma faca de dois gumes. O engano mais comum – e de graves consequências para as relações interpessoais – não é imaginarmos as sensações de uma outra pessoa, e sim tentarmos prever que tipo de reação ela terá diante de uma certa situação. Costumamos pensar assim: “Eu, no lugar dela, faria desta maneira.” Julgamos correta a atitude da pessoa quando ela age da forma que agiríamos. Achamos inadequada sua conduta sempre que ela for diversa daquela que teríamos. Ou melhor, daquela que pensamos que teríamos, uma vez que muitas vezes fazemos juízos a respeito de situações que jamais vivemos.
Quando nos colocamos no lugar de alguém, levamos conosco nosso código de valores. Entramos no corpo do outro com nossa alma. Partimos do princípio que essa operação é possível, uma vez que acreditamos piamente que as almas são idênticas; ou, pelo menos, bastante parecidas. Cada vez que o outro não age de acordo com aquilo que pensávamos fazer no lugar dele, experimentamos uma enorme decepção. Entristecemo-nos mesmo quando tal atitude não tem nada a ver conosco. Vivenciamos exatamente a dor que tentamos a todo o custo evitar, que é a de nos sentirmos solitários neste mundo.
Sem nos darmos conta, tendemos a nos tornar autoritários, desejando sempre que o outro se comporte de acordo com nossas convicções. E assim procedemos sempre com o mesmo argumento: “Eu, no lugar dele, agiria assim.”
A decepção será maior ainda se o outro agiu de modo inesperado em relação à nossa pessoa. Se nos tratou de uma forma rude, que não seria a nossa reação diante daquela situação, nos sentimos duplamente traídos: pela agressão recebida e pela reação diferente daquela que esperávamos. É sempre o eterno problema de não sabermos conviver com a verdade de que somos diferentes uns dos outros; e, por isso mesmo, solitários.
Aqueles que entendem que as diferenças entre as pessoas são maiores do que as que nos ensinaram a ver, desenvolvem uma atitude de real tolerância diante de pontos de vista variados a respeito de quase tudo. Deixam de se sentir pessoalmente ofendidos pelas diferenças de opinião. Podem, finalmente, enxergar o outro com objetividade, como um ser à parte, independente de nós. Ao se colocar no lugar do outro, tentarão penetrar na alma do outro, e não apenas transferir sua alma para o corpo do outro. É o início da verdadeira comunicação entre as pessoas.

Flávio Gikovate.
                                            


                                             "Ser normal e a meta dos fracassados."
Carl Jung