Os problemas estão as claras.
Acredito na evolução! Em uma evolução criativa da consciência. Nesse
processo dinâmico, a que todos os seres sencientes estão submetidos,
pode aparecer sinais e sintomas de patologias. Vários estudiosos do
setor da evolução identificaram que a consciência evolui passando por
estágios e níveis de desenvolvimento e crescimento. A consciência
possui por assim dizer um “espectro” da mesma forma que a luz divide-se
em diversas freqüências que caracterizam o espectro eletromagnético. O
espectro da consciência está caracterizado por esses níveis e estágios
do desenvolvimento e crescimento da consciência. A evolução da
consciência apresenta altos e baixos e torna-se importante para todos
nós, envolvidos no processo de autodescoberta e autoconhecimento, a
constatação do seguinte fato: passamos por estágios e níveis de
desenvolvimento e crescimento. Dependendo do nível/estágio que se
encontra a consciiencia compreende-se de forma diferente os diversos
aspectos do crescimento pessoal.
Esses aspectos do desenvolvimento e crescimento da consciencia são
chamados pelos estudioso da psicologia transpessoal de “linhas de
desenvolvimento”. Assim temos a linha de desenvolvimento da moral, da
cognição, da emoção, da fé e assim por diante, ou seja, há várias
linhas de crescimento e desenvolvimento que a consciência possui para a a evolução. Cada uma
dessas linhas são abordadas, vivenciadas de acordo com o nível/estágio
de desenvolvimento em que se encontra a consciencia. Que maravilha essa
compreensão!!! Se estou em determinado nível/estágio egoísta, por
exemplo, a realidade que criarei para o meu viver será baseada nessa
visão de mundo, ou seja, fé, cognição, moral, emoção, sentimentos serão
vistos apenas sob a visão egoísta. Se estou em um nível/estágio
etnocêntrico, que reconhece o outro e respeita suas diferenças, a
maneira como abordarei e criarei minha realidade será baseada agora sob
os auspícios dessa visão de mundo. E, assim, temos um espectro da
consciência onde a humanidade se distribui com seus próprios
níveis/estágios. São 7 bilhões de consciência no planeta Terra. Para
exemplificar vamos seguir a linha do desenvolvimento moral que pode ser
compreendida em egocêntrica, etnocêntrica e globocêntrica. No estágio
egocêntrico, a consciência age baseada no eu e nada mais importa; na
visão etnocêntrica, a consciência age no mundo transcendendo a visão
egocêntrica, incluindo-a em sua constituição e valoriza o outro na visão globocêntrica, a consciência além do eu, do outro ele valoriza a
todos, isto é, a consciência conseguiu transcender os estágio
predecessores e inclui-los na sua constituição.
Nesse processo dinâmico e criativo da evolução da consciência pode-se
encontrar distorções e patologias diversas e confusões exatamente devido
ao espectro da consciência. A consciência evolui obedecendo a um
principio de diferenciação e integração. Existe por assim dizer uma
“dialética do progresso”. Vou explicar! Quando saltamos de forma
criativa para um estágio posterior do desenvolvimento, a consciência ou
resolve os problemas do estágio anterior ou deflagra novos e
recalcitrantes problemas do novo estágio, problemas mais difíceis e
complexos. Cada novo nível vai enfrentar problemas que não havia nos
níveis precedentes. Cães tem câncer; átomos não! A consciência terá
novas possibilidades, novas maravilhas, novos medos, novos problemas,
novos desastres que aparecem com a evolução. Ela evolui baseada no
principio da diferenciação e integração e, as vezes, aí se encontram os
motivos das diversas patologias da modernidade.
A consciência nesse processo dinâmico de evolução criativa, confunde
diferenciação com dissociação, isto é, confunde a diversidade, as
diferenças com separação. Em um processo que deveria transcender,
diferenciar e incluir ela transcende e reprime. A diferenciação vira
dissociação. Uma coisa é diferenciar mente e corpo, outra bem diferente é
dissociar (separar) ambos. Podemos diferenciar cultura da Natureza, mas
separá-las é patológico. Ken Wilber resumiu de forma perfeita esse
processo: ” Diferenciação é o prelúdio da integração; Dissociação é o
prelúdio do desastre”. Você tem escolhas. Você pode transcender e
incluir, receber, integrar e respeitar ou você pode transcender e
reprimir, negar, alienar e oprimir. “Quanto mais brilhante é a luz, mas
obscura é a sombra” (Ken Wilber).
A evolução criativa obedece uma hierarquia natural de desenvolvimento.
Durante o processo evolutivo o “todo” de um estágio se torna “parte” do
todo do próximo estágio. Há, portanto, um todo/parte, isto é, átomos
inteiros são partes de moléculas. Moléculas inteiras são parte de
células. Células inteiras são partes de organismos e assim
indefinidamente. Isso é a hierarquia natural no processo evolutivo em
que há um aumento da complexidade da forma. No entanto, podemos observar
algumas hierarquias patológicas nesse processo. Há uma arrogância de
algumas partes que não toleram serem apenas partes de um todo. Elas
querem ser o próprio todo e ponto final. Querem dominar. O poder
substitui a comunhão de suas partes; a dominação substitui a
comunicação; a opressão substitui a reciprocidade e assim essas
hierarquias patológicas deixam suas marcas a ferro e fogo na carne
torturada de incontáveis milhões, um rastro de horror, pois não
conseguem transcender sem reprimir.
O espectro da consciência possui altos e baixos em seu processo dinâmico
de evolução criativa. Fragmentamos esse desenvolvimento e esse
crescimento. Observa-se também que estruturas superiores podem ser
subjugadas por impulsos inferiores. Você não pode fazer genocídio com
apenas um arco e flecha, mas com uma bomba atômica… A semente precisa
se diferenciar para crescer até ser uma árvore. Mas, se você vê cada
diferenciação como uma dissociação, confunde-se totalmente as duas
coisas. Então, as vezes, você passa a ver a árvore como uma “violação”
da semente e a árvore passa a ser um problema e a solução seria: devemos
voltar ao maravilhoso estado de semente. A solução é exatamente o
oposto. Encontrar os fatores que impedem as sementes de se realizarem
como árvores e remover esses obstáculos, de modo que a diferenciação e a
integração possam ocorrer naturalmente em vez de dissociar e
fragmentar. Não devemos acabar com as hierarquias patológicas destruindo
as hierarquias naturais. Devemos incluir a hierarquia patológica em
atitude de compaixão, comunhão e cuidado.
Em um nível primordial, tudo aquilo que constitui o mundo material esta
interconectado. Toda matéria guarda um comportamento onde não há
separação e fragmentação. Há comunicação coerente e totalidade. Durante
milhares, milhares e milhares de anos de evolução, a consciência vive
um dualismo entre transcendência e imanência. Porém, com o conhecimento
dos princípios da física quântica compreende-se agora que a consciência
vive SIMULTANEAMENTE a transcendência e a imanência, isto é, a
consciência utiliza-se de “ferramentas” de expressão que são ao mesmo
tempo possibilidades (transcendência) e fato manifesto (imanência). A
dualidade é apenas uma aparência. Nessa fragmentação, nesse dualismo, a
consciência confunde diferenciação com dissociação, inclusão com
repressão e adquiri “patologias” que aos poucos e poucos serão de alguma
forma incluídas na sua constituição para compor a totalidade da
criação. Assim, torna-se importante a compreensão desses altos e baixos
da evolução da consciência e desenvolvermos uma atitude participativa no
Universo e , ao mesmo tempo, uma prática de vida integral levando em
consideração todos os apectos do desenvolvimento e crescimento da
consciência.
Estudar, meditar, contemplar, orar, praticar atividade física, dialogar,
reconhecer e aceitar seus aspectos reprimidos (suas sombras), meditar
mais um pouco, em suma: VIVER DE FORMA COERENTE.
Dessa forma poderemos superar todos os problemas, inclusive as nossas próprias patologias.
Abraços fraternos
Dr Milton Moura
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