Psicologia

Psicologia
Mostrando postagens com marcador Jung. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jung. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 28 de setembro de 2016


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Self

Jung chamou o self de arquétipo central, arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. "Consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao outro, mas complementam-se mutuamente para formar uma totalidade: o self." (Jung, 1928, p.53).

Jung descobriu o arquétipo do self apenas depois de estarem concluídas suas investigações sobre as outras estruturas da psique. O self é com freqüência figurado em sonhos ou imagens de forma impessoal - como um círculo, mandala, cristal ou pedra - ou pessoal - como um casal real, uma criança divina, ou na forma de outro símbolo de divindade. Todos estes são símbolos da totalidade, unificação, reconciliação de polaridades, ou equilíbrio dinâmico - os objetos do processo de individuação.
 
O self é um fator interno de orientação, muito diferente e até mesmo estranho ao ego e à consciência. "O self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente; é o centro desta totalidade, assim como o ego é o centro da consciência" (Jung, 1936, p.41). Ele pode, de início, aparecer em sonhos como uma imagem significante, um ponto ou uma sujeira de mosca, pelo fato do self ser bem pouco familiar e pouco desenvolvido na maioria das pessoas. O desenvolvimento do self não significa que o ego seja dissolvido. Este último continua sendo o centro da consciência, mas agora ele é vinculado ao self como consequência de um longo e árduo processo de compreensão e aceitação de nossos processos inconscientes. O ego já não parece mais o centro da personalidade, mas uma das inúmeras estruturas dentro da psique.
"O self designa a personalidade total. A personalidade total do Homem é indescritível... porque seu inconsciente não pode ser descrito." (Jung em Evans, 1964, p. 62).

Referência: Teorias da Personalidade, 1939. James Fadiman, Robert Frager.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Conceitos Junguianos


 
Conceitos Junguianos
            Jung cresceu em uma casa que possuía uma enorme biblioteca, onde ele leu inúmeros assuntos diferentes e com isso foi um estudioso das mais diversas áreas, como as religiões orientais, a alquimia, a parapsicologia e a mitologia, entre outras. Dessa forma, sua análise sobre a natureza humana leva em consideração todos esses assuntos e isso faz com que ele desperte interesse e seja estudado por várias áreas além da psicologia.
Um dos principais conceitos de Jung e, pode-se dizer, o objetivo de todo homem para ele, é o da individuação, que seria um processo de desenvolvimento pessoal que envolve o estabelecimento de uma conexão entre o ego, centro da consciência, e o Self, centro da psique total, o qual, por sua vez, inclui tanto a consciência como o inconsciente. Para Jung, existe interação constante entre a consciência e o inconsciente, e os dois não são sistemas separados, mas dois aspectos de um único sistema, por isso é tão importante manter a comunicação e o equilíbrio do eixo ego-Self. A psicologia junguiana está basicamente interessada no equilíbrio entre os processos conscientes e inconscientes e no aperfeiçoamento do intercâmbio dinâmico entre eles, lutando sempre contra a unilateralidade e buscando sempre o equilíbrio entre os pares de opostos, conscientizando-os e integrando-os à consciência através da comunicação do eixo ego-Self, mas sem cair na enantiodromia, que seria passar de um oposto a outro sem fazer as devidas transformações e sem encontrar o equilíbrio entre eles.
Em relação à consciência, Jung desenvolveu as atitudes de extroversão e introversão, e as funções psicológicas pensamento, sentimento, sensação e intuição, usando tais conceitos no que chamou de Tipos Psicológicos. Segundo ele todos possuímos ambas as atitudes e ambas as funções, apenas em diferentes proporções, o que faz com que uns sejam mais extrovertidos, outros mais introvertidos, uns possuam mais desenvolvidas uma função em detrimento de outras etc.
A extroversão é uma atitude objetiva e a introversão é uma atitude subjetiva. Essas duas atitudes se excluem mutuamente, pois  não podem coexistir simultaneamente na consciência embora possam alternar, e realmente o façam, uma com a outra. Uma pessoa pode ser extrovertida em determinadas ocasiões e introvertida em outras. Entretanto geralmente predomina uma dessas duas atitudes num determinado indivíduo durante a sua existência.
A função pensamento discrimina, julga e classifica os fenômenos a partir da lógica da razão, buscando avaliar objetivamente os “prós” e “contras” da natureza desses fenômenos. Nomeia e conceitua os objetos. De uma forma sintética, a função pensamento exprime o que é um objeto. Estabelece a relação lógica e conceitual entre os fatos percebidos. A função sentimento faz a avaliação dos fenômenos a partir de uma dimensão valorativa – eles são agradáveis ou não. Tal como o pensamento, julga, porém, não pela lógica da razão, mas pela lógica de valores pessoais – que, por sua vez, recebe influências dos valores sociais. O conceito de sentimento não deve ser confundido com os conceitos de emoção e afeto. Os sentimentos estão associados a uma dimensão valorativa de julgamento, já a emoção é um afeto de grande intensidade de energia chegando a alterar funções orgânicas, tais como batimento cardíaco e ritmo respiratório alterados por afetos de amor, ódio, ciúme, entre outros. A função sensação privilegia as informações recebidas pelos órgãos dos sentidos, constatando a presença sensorial das coisas que nos cercam no contexto do “aqui e agora”.
Corresponde à soma total das percepções dos fatos externos que ocorrem através dos órgãos dos sentidos. Por fim, a função intuição vai além da percepção (sensação), buscando os significados, relações e possibilidades futuras das informações recebidas.
Trata-se de uma apreensão perceptiva dos fenômenos (pessoas, objetos e fatos) pela via inconsciente. A intuição “vê” a natureza “oculta” desses fenômenos. A função intuição está associada a um tipo de percepção que antevê possibilidades de acontecimentos. Corresponde aos pressentimentos, palpites e impressões.
Pensamento e Sentimento são funções racionais e Percepção e Intuição são funções irracionais. E as funções psíquicas formam dois pares de funções opostas, entretanto, complementares: o pensamento é oposto, porém, complementar ao sentimento. E a sensação é oposta, porém, complementar à intuição.
Jung também estruturou as funções em função principal, que é a mais desenvolvida pelo sujeito, é usada de forma consciente; função auxiliar, que é a segunda mais desenvolvida, também utilizada de forma consciente, auxilia a função principal; função terciária, que possui desenvolvimento rudimentar, age num plano mais inconsciente; e função inferior, que é a mais indiferenciada, menos desenvolvida ou infantil, permanecendo num plano quase que exclusivamente inconsciente.
Todos os seus outros conceitos têm mais relação com o inconsciente. Em relação à dinâmica da personalidade, pode-se entender que no início da vida o bebê está ainda numa fase indiferenciada da mãe. Por não ter desenvolvido ainda um Eu próprio, compreende que ele e mãe são uma única individualidade, estando, portanto, numa fase urobórica, onde não há limites ou fronteiras onde um começa e o outro termina. À medida que vai se desenvolvendo ele vai desenvolvendo as pulsões de vida e de morte, e aos poucos vai se diferenciando da figura materna, constituindo-se como um Eu diferenciado. Esse, porém, é apenas o início desse desenvolvimento e dessa diferenciação, pois durante a vida será necessário haver a diferenciação do ego também com o Self no processo de individuação.
Conforme a criança vai crescendo, os primeiros grupos sociais com quem convive são a família e a escola. Nesses ambientes ela percebe que recebe aprovação por algumas coisas que faz e reprovação por outras, experimentando bons sentimentos e recompensas nas primeiras, e ruins na segunda situação. Com isso ela aprende a fazer mais aquilo que recebe aprovação, pois precisa do amor e da aceitação desses primeiros grupos sociais, principalmente dos pais e professora, para que possa se desenvolver de maneira confiante e saudável. Dessa maneira ela começa a desenvolver o arquétipo da persona, que seriam os diferentes papeis sociais que as pessoas desenvolveriam para que pudessem conviver e se adaptar em sociedade. Isso é necessário para que se possa viver de forma saudável, desde que o indivíduo transite entre suas diferentes personas de maneira a não se apegar demais a apenas uma ou algumas, deixando outras esquecidas, o que o manteria numa atitude unilateral, causando um desequilíbrio em sua personalidade. Personas seriam então os papeis que ocupamos na sociedade.
Exemplos de persona seriam a de mãe, a de filho, a de sogra, a de irmão, a de policial, a de médico, a de professor, a de esposa etc. Saudável é quando o homem assume a persona de policial no trabalho, de pai e marido em casa, de filho na casa dos pais e assim por diante. Se ele assume, por exemplo a persona de policial em casa, terá problemas decorrentes disso, tanto em sua psicologia interna, devido à unilateralidade e desequilíbrio, quanto de relacionamento com os membros da família.  Outro exemplo negativo seria se assumisse no trabalho e em casa sempre a persona de filho, o que poderia fazer com que sua esposa precisasse ser mãe dele ao invés de mulher; que seus filhos não o respeitassem tanto ou que ele disputasse coisas com eles; ou ainda que não fosse visto como um bom profissional no trabalho.
Em consequência do arquétipo da persona, outro arquétipo começa a se formar, o da sombra. Na sombra estariam contidos todos os aspectos que a criança reprimiu em si para que tivesse a aceitação que desejava, fazendo somente as coisas que saberia que receberia aprovação social. Além disso, a sombra também contém aspectos que a própria pessoa considera negativo, independente do social, ou ainda, aspectos que até ela mesma desconhece, por não ter consciência. Ela também pode conter aspectos positivos e desconhecidos do sujeito, que ele desconhece ou que não considera positivo. A sombra, portanto, é inconsciente e por isso costuma ser projetada no outro. Quanto maior e mais inconsciente é a sombra, mais a pessoa a projeta e mais fica em desequilíbrio, o que pode lhe causar muitos problemas, pois sua energia psíquica está toda represada nesse seu aspecto, ficando os outros carentes dessa energia, por isso é necessário que a pessoa se conscientize dela.
Para Jung, a criança é a extensão da psicologia de seus pais e está sujeita às influências deles, estando suas experiências posteriores e relacionamentos adultos, dependentes da forma como irão internalizar as figuras de seus pais e relacionamento deles e com eles. E quando se fala em internalizar tais figuras, não necessariamente se fala da figura real, mas também da imagem arquetípica de mãe e de pai. Segundo ele, ao nascer a criança tem sua consciência toda dentro do inconsciente, ou seja, ela é só inconsciente coletivo. Depois, vai aos poucos expandindo sua consciência, à medida que vai tendo experiências, e desenvolvendo seu inconsciente pessoal. Dessa forma o ego fica no centro da consciência, mas não sendo ele o todo, e sim apenas uma parte do todo que é o Self, centro da psique total.
Como já foi visto, o conceito de inconsciente para Jung pode ser dividido em dois, o pessoal e o coletivo. Independente de qual seja, Jung concebia que a linguagem do inconsciente seria por imagens, símbolos e fantasias, por isso seria difícil decifrá-lo, por ser um tipo de linguagem diferente (imagens) da utilizada pela consciência (palavras). Ele também trouxe a ideia de que o inconsciente possui função compensadora da consciência, ou seja, se o ego está muito focado em uma única direção, o inconsciente se manifestaria sempre numa direção oposta, com a intenção de mostrar outro ângulo à pessoa e também para buscar o equilíbrio do sistema psíquico.
O inconsciente pessoal para Jung se originava a partir do coletivo e, como Freud, também considerava que continha conteúdos mentais inacessíveis ao ego, reprimidos durante a vida e um lugar psíquico com seu caráter, suas leis e funções próprias. Acrescentou que também conteria conteúdos percebidos apenas de forma subliminar.   E o inconsciente coletivo seria a parte do inconsciente que contém aspectos que nunca foram conscientes, os arquétipos, bases filogenéticas e instintivas da raça humana que foram herdadas pela psique devido às experiências repetidas que as pessoas foram tendo durante toda a história da humanidade. Nesse inconsciente estaria contido o inconsciente pessoal e seus conteúdos refletem processos arquetípicos. As manifestações do inconsciente coletivo aparecem como motivos universais, ou seja, se repetem independente da época ou cultura. Inclusive foi observando isso que Jung chegou à conclusão da existência desse inconsciente.
Exemplo disso foi o sonho que ele analisou de um paciente psicótico a respeito do falo do sol ser a origem dos ventos, e tempos depois ter encontrado a mesma referência num mito de uma antiga religião persa, tendo certeza de que não tinha como o paciente ter tido acesso a esse dado.
Através do método da livre associação, Jung identificou relações entre idéias que das quais os pacientes não podiam ter conhecimento prévio, nem por ter ouvido ou lido a respeito. Indo adiante em suas pesquisas, ele encontrou paralelos entre as tramas e os símbolos dos sonhos de todo tipo de pessoas: desde seus pacientes até prisioneiros nas cadeias americanas e indígenas no meio da África. Não somente, ele se deu conta que havia temas recorrentes na história da cultura humana, expressos tanto na mitologia como na literatura. A conclusão de Jung foi que o inconsciente não podia ser somente pessoal. Há um nível mais profundo que é coletivo, pertencente a todo indivíduo do planeta. (NOGUEIRA, 2010 Mai 13)
Jung falou também dos complexos, seriam grupos de ideias ou imagens carregadas emocionalmente, que possuem em seu núcleo um arquétipo correspondente. Dessa maneira, os arquétipos são os núcleos dos complexos, existindo um para cada situação da vida, de tal maneira que Jung chamou de arquétipo também o ego. Pelo fato dos complexos serem carregados de emoção, e estarem ligados a seu núcleo arquetípico por um vínculo energético, quando constelados ou ativados, são naturalmente acompanhados por um afeto. Por essa razão e pelo fato de serem sempre em parte ou totalmente inconscientes, acabam sendo relativamente autônomos, o que faz com que, quando constelados por alguma situação que tenha relação com eles, tenham o poder de tomar à frente do ego na consciência e agirem por si. Isso é possível porque a constelação faz com que ganhem uma quantidade grande de energia psíquica que ultrapassa a energia do ego, que só volta ao controle da consciência quando a energia do complexo em questão se esvazia, fazendo com que ele perca a força e volte ao inconsciente.
Quando totalmente inconsciente de seu complexo, o ego ao retornar ao controle, pode ficar surpreso e arrependido por ter agido de tal maneira, não entendendo o que o levou a fazer aquilo. Se a pessoa possui uma persona muito bondosa, provavelmente sua sombra é bem grande e, se nem ela e nem os outros a seu redor tiverem consciência disso, o susto pode ser bem grande quando o complexo da sombra, por exemplo, vem à tona em alguma situação. Por isso é tão importante conscientizar o máximo de conteúdos ou complexos possível, pois eles só assaltam a consciência quando são negados e reprimidos por ela, pois seu único objetivo é ser reconhecido pela mesma. Uma vez reconhecidos, conscientizados e trabalhados, o sujeito poderá perceber quando estiverem sendo constelados por alguma situação e, conscientemente, terão o poder de escolher quando e como usará seus aspectos. Isso é possível de ocorrer porque a energia psíquica do ego estará maior, uma vez que os conteúdos não estão mais tão arraigados ao inconsciente e também porque o ego mais consciente e trabalhado, estará mais fortificado.
A conscientização dos complexos e o trabalho decorrente disso, ocorrem através do diálogo entre os conteúdos do indivíduo, ou seja, não basta só tomar consciência dos aspectos de sua sombra, por exemplo, é necessário ir aos poucos integrando-os à consciência. Isso é um trabalho longo e paulatino, que deve ser feito por toda a vida e, de forma resumida, é nisso que consiste a individuação. Por isso ela nunca está terminada, pois sempre haverá conteúdos a serem reconhecidos e integrados.
Esse diálogo ou comunicação entre o ego e o Self ocorre através do eixo ego-Self, quando este está funcionando direito, sem interrupções, e é feita através de imagens, onde o ego aos poucos vai tendo acesso e se relacionando com o inconsciente. Se há uma interrupção nesse eixo, ego e Self não se comunicam direito e pode haver uma neurose, ficando a pessoa egoica demais e sem contato com seus conteúdos internos. Nesse caso é necessário o fortalecimento desse eixo e o aumento do relacionamento dessa pessoa com suas imagens e conteúdos inconscientes. Quando essa interrupção é grande demais, existe uma fenda entre ego e Self e pode ocorrer a psicose, que é quando o ego se desestrutura por completo e só o inconsciente passa a existir, estando o ego mergulhado em suas imagens. Nesse caso é necessário o fortalecimento do ego e o resgate dele das imagens do inconsciente, através do próprio relacionamento com elas.
Como foi visto, o ego também é considerado um arquétipo e é o centro da consciência, sendo o responsável por dirigir nossa vida consciente, nossas ações e escolhas, buscando sempre proteger a consciência de qualquer coisa que a ameace. Apesar das pessoas acharem que ele é tudo, que elas são ele, ele é apenas uma parte do sistema psíquico. A outra parte é o inconsciente e nele se encontra o Self, que realmente é a essência de cada um, sendo o objetivo de todos ir de encontro a esse verdadeiro centro e se tornar ele, ou seja, a individuação, como já foi dito.
O Self, portanto, é o arquétipo central, responsável pela ordem e totalidade da personalidade. É formado pelo consciente e pelo inconsciente juntos e é o centro da psique total. Geralmente é representado por símbolos que remetam a essa totalidade, como mandalas, círculos e imagens impessoais.
Há ainda os arquétipos da anima e do animus, que são responsáveis por auxiliar o ego a entrar em contato com o inconsciente, afim de aprofundar sua relação com o mesmo na busca e no caminho da individuação. Anima é a parte interior feminina da psique do homem e animus a parte interior masculina da psique da mulher, servindo então ao equilíbrio do sistema psíquico, uma vez que compensam a atitude masculina ou feminina da consciência.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

                                            


                                             "Ser normal e a meta dos fracassados."
Carl Jung

terça-feira, 24 de maio de 2016






Não há despertar de consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando aos limites do absurdo para evitar enfrentar sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por se tornar consciente a escuridão.

Carl Jung

quinta-feira, 12 de maio de 2016

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Carl Jung: Individuação

De acordo com Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a individuação ou autodesenvolvimento. "Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo, na medida em que por 'individualidade' entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Podemos, pois, traduzir 'individuação' como 'tornar-se si mesmo'" (Jung, 1928, p.49).
Individuação é um processo de desenvolvimento da totalidade e, portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade. Isto inclui o desenvolvimento do eixo ego-self, além da integração de várias partes da psique: ego, persona, sombra, anima ou animus e outros arquétipos inconscientes. Quando tornam-se individuados, esses arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas.

"Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do autoconhecimento, atuando, conseqüentemente, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, vai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos. Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido por contratendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo." (Jung, 1928)

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Símbolos

De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de símbolos. Embora nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico), quanto mais um símbolo harmonizar-se com o material inconsciente organizado ao redor de um arquétipo, mais ele evocará uma resposta intensa, emocionalmente carregada.
 
                             
 
 
Jung está interessado nos símbolos "naturais" que são produções espontâneas da psique individual, mais do que em imagens ou esquemas deliberadamente criados por um artista. Além dos símbolos encontrados em sonhos ou fantasias de um indivíduo, há também símbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens religiosas, tais como a cruz, a estrela de seis pontas de David e a roda da vida budista. "Assim como uma planta produz flores, assim a psique cria os seus símbolos." (Jung, 1964, p.64)
Imagens e termos simbólicos via de regra representam conceitos que nós não podemos definir com clareza ou compreender plenamente. Para Jung, um signo representa alguma outra coisa; um símbolo é alguma coisa em si mesma - uma coisa dinâmica, viva. O símbolo representa a situação psíquica do indivíduo e ele é essa situação num dado momento.
Aquilo a que nós chamamos de símbolo pode ser um termo, um nome ou até uma imagem que nos pode ser familiar na vida diária, embora possua conotações específicas além de seu significado convencional e óbvio. Implica algo vago, desconhecido para nós... Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além de seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem tem um aspecto "inconsciente" mais amplo que não é nunca precisamente definido ou plenamente explicado.

terça-feira, 29 de março de 2016

O homem psicológico maduro

"As grandes renovações nunca vêm de cima: vêm sempre de baixo. Assim como as árvores não crescem nunca do céu para o chão e sim do chão para o céu, embora as sementes tenham um dia caído de cima."

Carl Jung



O ser humano é o mais alto e nobre investimento da vida, momento grandioso do processo evolutivo que, para atingir a sua culminância, atravessa dife­rentes fases que lhe permitem a estruturação psico­lógica, seu amadurecimento, sua individualização, con­forme Jung.
 
Ao atingir a idade adulta deve estar em condi­ções de viver as suas responsabilidades e os desafi­os existenciais. É comum, no entanto, perceber-se que o desenvolvimento fisiológico raramente faz-se acom­panhar do seu correspondente emocional, o que se transforma em conflito, quando um aspecto não é identificado com o outro.

O seu processo de amadurecimento psicológico, portanto, pode ser comparado a uma larga gestação, cujo parto doloroso propicia especial plenificação.
 
Procedente de atavismos agressivos, imantado ainda aos instintos, o ser cresce sob pressões que lhe despertam a necessidade de desabrochar os valores adormecidos, qual semente que se intumesce sob as cargas esmagadoras do solo, a fim de libertar o vege­tal embrionário, que se agigantará através do tempo. 
Em sucessão, apresenta-se introvertido, egoísta, possuindo sem repartir, detentor de coisas, não de paz pessoal.O amadurecimento psicológico é imperativo que surge naturalmente, ou por necessidade que se esta­belece no processo da evolução.O ser imaturo, ambicioso, apaixonado, frustra-se, irrita-se sempre, mata e mata-se, porque o significado da sua vida é o ego perturbador e finito, circular-es­treito e sem metas.

Superar o estado egocêntrico, para tornar-se útil socialmente, caracteriza o rompimento com o círculo familiar da infância e abre-o à comunidade, que é a grande escola da vida. O indivíduo não pode viver sem relacionamentos, pois que, por contrário, aliena-se. O seu desenvolvimento deflui dos contatos com a natureza e as criaturas, dos seus inter-relacionamen­tos pessoais, renunciando à liberdade interior, a fim de plenificar-se no grupo.
 
O homem maduro psicologicamente vive a ampli­dão infinita das aspirações do bom, do belo, do verda­deiro, e, esvaído do ego, atinge o self, tornando-se homem integral, ideal, no rumo do infinito.


Fonte:
Extraído do livro “O ser consciente” – Joanna de Angelis – Psicografia de Divaldo Pereira Franco

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Eu sou oque sou



“Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que eu escolhi me tornar." 
- Carl Jung

"Liberdade é o que você faz com o aquilo que aconteceu com você.”
- Jean-Paul Sartre 


Você é responsável por como você se sente, independente do que fazem com você.
Você escolhe alimentar o medo enquanto culpa os outros por te-lo.

Você escolhe a raiva que te consome.
Você escolhe o sofrimento em geral(mesmo de maneira inconsciente). 
Ninguém pode lhe convencer de algo que você não está de acordo em algum nível da sua mente, então escolha com sabedoria.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O significado dos sonhos por Carl Jung.

Pensar que os sonhos possuem significado é uma tese ousada. Na Antiguidade, muitos povos pensavam que o sonho tinha significado e alguns sujeitos especiais, como profetas ou sacerdotes, tinham a habilidade de transcrever a mensagem em uma linguagem compreensível. Com o surgimento da ciência moderna, a nossa cultura ocidental foi cada vez mais desvalorizando esta tese. O sonho se transformou em uma banalidade, em um absurdo, em algo sem lógica e sem sentido.

Apenas com a obra de Freud, A Interpretação dos Sonhos, os sonhos voltaram a ganhar importância no conhecimento que cada sujeito tem de si mesmo. Ainda assim, muitas e muitas pessoas continuam acreditando que os sonhos são destituídos de sentido.

Para Jung, “O sonho é, conforme sabem, um fenômeno natural. Não é fruto de uma intenção. Não podemos explicá-lo a partir de uma psicologia que provém da consciência. Trata-se de um modo específico de funcionamento que não depende da vontade e do desejo, da intenção ou do objetivo do Eu Humano. É um acontecimento não intencional, assim como todos os acontecimentos da natureza” (JUNG, 2011, p. 16)

Certas pessoas também descartam a relevância dos sonhos pois dizem que não conseguem se lembrar do que sonham e chegam até duvidar de que sonham. A verdade, cientificamente comprovada, é de que todos nós sonhamos. Apenas não conseguimos nos lembrar de todos os sonhos ou conseguimos e, ao longo do dia, vamos nos esquecendo, com a continuidade da atividade consciente.

Jung, ao longo de sua carreira, encontrou 4 tipos de significados para os sonhos:

Apesar de longa, a citação abaixo é fundamental para entendermos a sua concepção a respeito da vida onírica:

1) O sonho representa a reação inconsciente frente a uma situação consciente. Uma determinada situação consciente é seguida por uma reação do inconsciente na forma de um sonho, trazendo conteúdos que – de modo complementar ou compensatório – apontam claramente para uma impressão que se obteve durante o dia. É evidente que o sonho jamais teria se formado na ausência de determinada impressão obtida no dia anterior.

2) O sonho representa uma situação que é fruto de um conflito entre consciência e inconsciente. Nesse caso, não existe uma situação consciente que pode, em maior ou menor grau, ser responsabilizada pelo mesmo, e sim, lidamos aqui com certa espontaneidade do inconsciente. O inconsciente acrescenta a uma determinada situação consciente uma outra situação, a qual difere de tal modo da situação consciente que se forma um conflito entre ambas.

3) O sonho representa a tendência do inconsciente cujo objetivo é uma modificação da atitude consciente. Nesse caso, a posição oposta assumida pelo inconsciente é mais forte do que a posição consciente: o sonho representa um declive que se origina no inconsciente e vai em direção à consciência. Trata-se de sonhos especialmente significativos. Podem transformar alguém que assume uma determinada atitude por inteiro.

4) O sonho representa processos inconscientes que não evidenciam uma relação com a situação consciente. Sonhos dessa espécie são muito peculiares e, devido ao seu caráter estranho, não podem ser interpretados facilmente. O sonhador se admira tanto por sonhar algo assim, pois nem mesmo uma relação condicional pode ser estabelecida. Trata-se de um produto espontâneo do inconsciente que porta toda a atividade e é altamente significativo. São sonhos imponentes. Sonhos que os primitivos designam de “sonhos grandes”. São de natureza oracular, “somnia a deo missa” (sonhos enviados por Deus). São experimentados como uma iluminação (JUNG, 2011, p. 18).

Portanto, podemos falar de 4 tipos de sonhos, de acordo com a relação consciente e inconsciente. O primeiro sonho indica um tipo de sonho tipicamente consciente, de um evento ou situação do dia anterior. O segundo advém de um conflito entre a posição consciente e a posição do inconsciente. O terceiro significa uma forma na qual determinados conteúdos inconscientes interferem na consciência, a fim de modificá-la. E, por sua vez, o quarto são os sonhos raros – chamados de “grandes sonhos” – e que servem de orientação para todo uma fase da personalidade. Incluem-se aqui os sonhos de infância e os sonhos decisivos.

5 possibilidades de origem dos sonhos:


1) Origem somática: eventos que ocorrem no interior do corpo e podem suscitar conteúdos na atividade onírica.

2) Eventos externos: como ruídos, frio ou calor, iluminação que podem ser percebidos inconscientemente e afetar o contexto do sonho.

3) Eventos psíquicos: eventos que podem ocorrer externamente e que afetam – ainda que de forma desconhecida – na mensagem do sonho. Jung cita dois exemplos. De uma criança que sonhou que anjos estavam levando o seu irmão e, quando acordou, o irmão havia falecido. E o segundo, no qual uma criança sonha que a mãe quer se matar e, acordando sobressaltada, encontra a mãe prestes a cometer suicídio.

4) Acontecimentos passados: memórias também podem servir de fonte para o que sonhamos, tanto acontecimentos próximos como remotos.

5) Acontecimentos futuros: eventos que ainda não aconteceram, mas que são pressentidos e aparecem nos sonhos. Lembro aqui de uma colega da minha pós que sonhou que um colega de trabalho estava entregando uma chave de um fusca amarelo para ela. Ela anotou o sonho e se esqueceu totalmente. 2 anos depois, ela comprou este fusca. Este é um exemplo simples, mas descreve uma possibilidade para o surgimento dos sonhos que não é infrequente de acontecer, às vezes com um simbolismo maior.